quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A interpretação dos cortes e das cores nos cabelos em 22/01/2010

Dando prosseguimento ao especial de visagismo que iniciamos na semana passada, essa semana o especialista na área, Philip Hallawell fala sobre os comprimentos e cores dos cabelos, e como elas expressam os pontos fortes e estilo das pessoas.




Primeiramente, antes de sugerir à cliente um corte longo, médio ou curto, deve-se ter conhecimento de um conceito chamado proporção áurea. De acordo com Hallawell, toda estética visual é fundamentada neste princípio, que é aquela visualmente perfeita, obtida quando a largura de algo corresponde a cerca de 2/3 da altura, ou vice versa. O rosto humano, que é o foco dos cabeleireiros, se aproxima dessa proporção na maioria das pessoas da seguinte maneira: a largura do rosto é igual à distância entre a sobrancelha e o queixo.





Para facilitar esse trabalho, os artistas usam a regra dos terços, que divide a imagem em três partes iguais na altura e largura, o que permite compor a imagem com equilíbrio, especialmente quando não é centralizada. O ponto central disso é o seguinte: descobriu-se que tudo que está no terço inferior tem ação visual para baixo, então é visto como pesado, e os elementos nos dois terços superiores elevam o olhar, provocando a sensação de leveza.






A linguagem dos cortes

Philip Hallawell salienta que, no rosto e na cabeça humana o terço inferior corresponde a área abaixo do lóbulo da orelha, que está na mesma linha da nuca e da base do nariz. Isso significa que o corte curto, acima do lóbulo, é leve. O corte médio, na altura dos ombros é equilibrado, nem leve, nem pesado. Abaixo do ombro, o corte passa a sensação de peso.

Para deixar mais claro, vamos separar cada um deles:

Cortes curtos: indicados para quem deseja expressar leveza associada a dinamismo, energia e vitalidade. A isso, une-se o efeito da independência, qualidade de pessoas maduras e bem resolvidas. As linhas situadas nos dois terços superiores elevam o olhar, o que faz as feições parecerem elevadas, transmitindo juventude.

Portanto, cortes curtos são indicados, basicamente, para quem deseja expressar essas qualidades ou que queira se rejuvenescer. Só não são muito indicados para pessoas muito altas, porque pode fazer a cabeça parecer muito pequena, ou para mulheres que têm o queixo muito forte e pronunciado.





Cortes médios: expressam independência, mas principalmente romantismo e meiguice. Não envelhece, desde que o formato não seja triangular, aberto na base, mas também não rejuvenesce tanto quanto o cabelo curto.

Cortes longos: por dirigir o olho para baixo, é mais pesado. Ao direcionar-se para o chão, passa a impressão que a pessoa precisa de sustentação ou apoio, expressando submissão. Por outro lado, quando ondulado, transmite sensualidade e tem grande capacidade sedutora.

Quando solto, o cabelo longo também diz que a pessoa é descompromissada e livre. Caso tenha algum compromisso no trabalho, pode prendê-lo.

Cores e sensações

A cor, assim como as formas geométricas e as linhas, são símbolos universais, chamados de arquétipos. O trabalho de Hallawell estabeleceu a conexão desses símbolos com qualquer imagem. “Toda composição é construída sobre uma forma geométrica, com um significado específico que qualquer pessoa vai reconhecer emocionalmente, mas não racionalmente. Isso explica porque reagimos à imagem e porque a primeira impressão de uma pessoa é tão forte e difícil de apagar”, explica o profissional, que no ano passado lançou o livro Visagismo Integrado – identidade, estilo e beleza.





Veja o que transmite cada cor:

Amarelos: ligado ao sol, passa energia, leveza e dinamismo. O dourado é um pouco mais exuberante.

Vermelhos e laranjas: mexem com as emoções. Quanto mais vermelho puro, mais passional.

Marrons: remetem à terra. Por isso, proporcionam segurança, credibilidade e força. Os quentes (castanhos vermelhos e dourados) são emotivos.

Azul: passa calma e frieza. Na coloração de cabelos é encontrado nos pretos e nas cores fantasia. O preto azulado é denso e pesado, forte, misterioso, mas frio. Em pessoas com pele quente, é sensual. O preto também é associado ao luxo.

Verde: somente é percebido no fundo de alguns marrons e utilizado como cor fantasia. É ligado à natureza, por isso passa vitalidade.

Roxo: espiritual, por isso vermelhos com roxo não são muito emotivos (carmim e violine, por exemplo), mas iluminam cabelos de cor fria.

Prata: frio e fino. Loiros prateados são elegantes, mas não têm a energia dos loiros dourados.




A importância de entender cada estilo 11/01/2010
Que atire a primeira pedra o cabeleireiro que nunca teve uma cliente que entrasse


no salão de beleza e dissesse: “Quero que meu cabelo fique igualzinho ao da atriz


tal”. Isso é sempre possível? Claro que não! No entanto, nessas horas cabe ao


profissional contornar a situação da melhor maneira possível e expor a ela a


importância dos conceitos do visagismo. Para falar sobre isso, batemos um papo


com o especialista Philip Hallawell, um expert quando o assunto é a união da


identidade com o estilo e a beleza.








No caso da cliente pedir ao cabeleireiro que transforme


seu look para parecer com uma celebridade com estilo totalmente diferente, como


o profissional debe lidar com a situação?



Philip Hallawell: Ajuda muito quando se compreende que, provavelmente, a cliente


quer o que a atriz expressa pela imagem e não uma réplica exata. Se o


profissional sabe analisar a imagem da atriz, identificar as qualidades que ela


expressa - dinamismo, sensualidade, meiguice e força, por exemplo - pode sugerir


outra solução que passe a mesma impressão, mas que seja adequada para o


tipo físico da cliente. Isso até ajuda a desenrolar uma consultoria, estabelecer uma


intenção. Também facilita esclarecer o que a imagem expressa, e evitar se limitar


a questões estéticas. Dizer ao cliente simplesmente que não ficará bem, sem


explicar porquê, não será convincente.



Portal: Caso a cliente teime em fazer a transformação e não goste do resultado,


qual deve ser a postura do cabeleireiro?



Philip: Se o profissional teve a preocupação (e conhecimento) para explicar o que


a imagem expressa, porque seria inadequada esteticamente, ou de acordo com o


trabalho, ou estilo de vida da cliente, então a responsabilidade é somente da


cliente, a não ser que tenha acontecido um erro técnico. Mesmo assim, acho que o


profissional deve se colocar à disposição da cliente para efetuar as devidas


correções, sem que isso afete o atendimento de outras clientes.



Portal: Qual a importância de adaptar o visual da cliente ao seu estilo de vida?



Philip: A imagem pessoal define a identidade de uma pessoa; diz quem é e afeta


profundamente todas suas relações, profissionais e pessoais. O rosto


corresponde a 70% do senso de identidade, por isso a construção do estilo deve


começar no rosto, sendo o cabelo o elemento com maior impacto, embora o


design de sobrancelhas e os dentes tenham grande influência também. Quando a


pessoa se encontra na sua imagem, ou seja, vê que a imagem refletida no


espelho corresponde a como se sente e expressa o melhor de si, ela obtém


equilíbrio emocional e psicológico.



Esse conceito permite dizer que o mais importante é adequar a imagem para que


expresse as qualidades de temperamento e personalidade da cliente. Por afetar


seus relacionamentos, também é de grande importância que seja de acordo com


seu estilo de vida. Por exemplo, é cada vez mais importante para as mulheres


transmitirem credibilidade e conteúdo. Isso pode superar a necessidade de serem


atraentes num sentido estritamente feminino. Por isso, a estética é subordinada à


intenção e nunca deve ser alcançada seguindo padrões.



Aquilo que alguém considera bonito é o que traz aceitação, enquanto o feio é


aquilo que traz rejeição. O belo vai além; atrai. Isso não é uma questão estética,


mas de valores. Em grupos em que a contestação é valorizada, a pessoa que tem


uma imagem rebelde, feita a partir de dissonâncias, irregularidades e o


inesperado, será aceita (bonita), ou, até considerada atraente, desde que a


imagem seja construída a partir dos fundamentos de harmonia e estética. Ao


contrário, nos meios mais conservadores, essa imagem será rejeitada (feia),


enquanto a imagem controlada, simétrica e clássica será vista como bonita. Se a


imagem passa qualidades valorizadas pelo grupo, será considerada bela